Uma vez falei ao meu psicólogo: "Será
necessário uma 3ª Grande Guerra Mundial ou a Lua ficou pequena demais para as
ambições humanas". Na verdade, quando falei isso me referia à
atual estagnação tecnológica e científica que a nossa sociedade experimenta. Há
pouco tempo a ciência e a tecnologia produziam revoluções nas vidas das pessoas
que podiam pagar. Atualmente, nem pagando as pessoas conseguem perceber os
resultados daquilo que é pesquisado nos laboratórios.
Com tantas pesquisas realizadas com o intuito de
desenvolver novas fontes de energia renováveis e menos poluentes, como a
energia solar, o hidrogênio, os biocombustíveis, porque ainda dirigimos nossas
latas velhas movidas a combustíveis fósseis. Um carro híbrido é vendido por um
preço muito acima do poder aquisitivo da classe média. Um amigo meu é estudante
universitário e me disse o seguinte: “A
maioria dos meus professores da universidade tem patentes registradas e ganham
bastante dinheiro da Petrobras. Quando o petróleo deixar de existir muita gente
vai perder dinheiro e outros tantos vão, finalmente, colocar em prática as suas
pesquisas e os seus projetos científicos. Será que algum dia o planeta vai
respirar um ar mais puro? Depende muito do interesse econômico e da
disponibilidade do petróleo?!”
Um vice-presidente da república é internado no
Hospital Sírio Libanês e morre vítima de um agressivo câncer na região
abdominal. Milhares de pessoas comuns morrem diariamente deitadas em macas
colocadas nos disputados corredores dos hospitais públicos do nosso Brasil.
Aproximadamente 45.000.000 (quarenta e cinco milhões) de brasileiros possuem
alguma deficiência física ou mental. Enfim, todos estão à mercê (reféns) do
interesse econômico da indústria farmacêutica. Já tive a oportunidade de ouvir
da boca de um psiquiatra: “Não sou um fã
da farmacologia, mas não existe outro caminho quando se trata de doenças
crônicas”. Atualmente, podemos dizer que a ganância está derrotando a
ambição e somente o tempo será capaz de desvelar o que o dinheiro faz questão
de esconder.
Durante a elaboração deste livro (sobre transtorno
afetivo bipolar) descobri uma informação valiosa que alterou substancialmente a
minha ideia sobre doenças mentais negligenciadas: "Estima-se que
aproximadamente 15.000.000 (quinze milhões) de brasileiros são portadores de
algum grau de bipolaridade".
Contudo, antes de chegar neste capítulo do livro,
considerava (e ainda considero) o transtorno afetivo bipolar uma doença
negligenciada. Como é possível uma doença que atinge aproximadamente 15 milhões
de brasileiros ser considerada uma doença negligenciada? Uma correção necessita
ser feita para uma melhor compreensão do conteúdo da informação. Quando
levantei essa hipótese, referia-me ao número de pessoas afetadas pela doença,
mas, mesmo retificando a informação, continuo com a opinião de que o transtorno
bipolar é uma doença negligenciada devido ao número de medicamentos que são
consumidos para manter a pessoa com bipolaridade no estado eutímico.
Sinceramente, não acredito muito que a indústria
farmacêutica irá largar esse osso tão facilmente. As pesquisas existem, mas por
trás de toda pesquisa científica há muito dinheiro envolvido. A ciência microbiológica
evoluiu muito nesses últimos anos, todavia, um tratamento experimental pode
levar anos para ser colocado à disposição da população afetada pelas doenças
pesquisadas. Além disso, considero a palavra "cura" um
pouco forte e onerosa demais para constar no vocabulário médico. Tenho a
convicção que se um dia descobrirem a cura de alguma doença crônica ou grave
como o câncer, transtorno bipolar, esquizofrenia, com toda a certeza que existe
neste mundo, o preço será muito alto a ponto de os usuários do SUS (Sistema
Único de Saúde) não terem acesso a $ CURA $.
Neste livro escrevo um texto que fala sobre a
íntima relação entre ciência e religião. Em minha opinião, a religião é o fator
que humaniza a ciência. Talvez se houvesse um pouco menos de dinheiro (interesses
econômicos) e um pouco mais de fé (comunhão e partilha) a cura fosse algo
possível e acessível. A ciência somente produz bons frutos quando ela tem como
foco principal o BEM COMUM.
FONTE: ARAÚJO, Denio Medeiros de; SIMPLESMENTE BIPOLAR; 1º
Edição Digital, Caicó: Editora Blogger, 2016.
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