Finalmente encontrei o Anel de Tucum.
Agora meus votos de castidade, obediência e pobreza em espírito serão chancelados por um simbolo de simplicidade e humildade.
Considero importante
utilizar o anel como sinal da minha adesão a uma vida repleta de graças e
bênçãos, limitações e simplicidade. Necessito de mecanismos que me prendam a
realidade e o Anel de Tucum representa uma realidade que eu gostaria que fosse minha.
Espero
ser digno de utilizar o Anel de Tucum durante toda a minha vida. Às vezes
não considero a minha vida um exemplo dos votos de castidade, obediência
e pobreza em espírito que eu jurei proteger. Apesar disso e por causa disso torna-se fácil reconhecer que a maioria dos santos em algum
momento de suas vidas cometeram pecados. Não seria diferente conosco. Longe de mim merecer ser chamado santo, pois a
conversão e a santificação são buscas eternas que provavelmente só serão
alcançadas no último suspiro da humanidade. Não é um anel que vai
determinar a salvação de um ser humano, mas através dele podemos
enxergar a nossa pequenez diante da grandiosidade do UNIVERSO.
"O anel é simbolo e não o fim das coisas. Ele é revestido de muita luta e
comprometimento. Quem o usa afirma sua opção pelos pobres e lutas
sociais. É muito bonita e sofrida o seu significado.
O
anel tem sua origem no Império do Brasil, quando jóias feitas de ouro e
outros metais nobres eram utilizados em larga escala por membros da
elite dominante para ostentarem sua riqueza e poder. Os negros e
índios, não tendo acesso a tais metais, criaram o Anel de Tucum como um
símbolo de pacto matrimonial, de amizade entre si e também de
resistência na luta por libertação. Era um símbolo clandestino cuja
linguagem somente eles compreendiam.
Mais
recentemente, a utilização do Anel de Tucum foi resgatada por fiéis
cristãos, especialmente adeptos da teologia da libertação, com o
objetivo de simbolizar a 'opção preferencial pelos pobres',
especialmente por fiéis católicos após as Conferências Episcopais de Medellín e de Puebla.
O
Anel de Tucum foi tema de documentário homônimo dirigido por Conrado
Berning em 1994. No filme, o bispo católico Dom Pedro Casaldáliga, um
dos entrevistados, explica da seguinte maneira a utilização do anel:
'Este anel é feito a partir de uma palmeira da Amazônia. É sinal da
aliança com a causa indígena e com as causas populares. Quem carrega
esse anel significa que assumiu essas causas. E, as suas consequências.
Você toparia usar o anel? Olha, isso compromete, viu? Muitos, por causa
deste compromisso, foram até a morte.'
Outros
grupos católicos, por sua vez, especialmente devido a forte ligação
entre os usuários do Anel de Tucum e a teologia da libertação,
consideram que este 'é uma ostentação de pobreza. E ostentar virtude é
vaidade que anula toda virtude. Usar isso, para
demonstrar amor aos pobres, mais é demagogia do que virtude. Se alguém é
realmente pobre, deve praticar essa pobreza e o desprezo das riquezas,
sem ostentação, porque se não é pura vaidade e desejo de ser considerado
pobre e bom. Isso é orgulho mascarado de pobreza'."
AUTOR DO TEXTO INICIAL: Denio Medeiros de Araújo.
AUTOR DO TEXTO EM NEGRITO/ITÁLICO: Denilson Medeiros de Araújo.