domingo, 20 de fevereiro de 2011

UMA SÍNTESE DE TUDO QUE FOI ESCRITO ATÉ AGORA: A CURA INDESEJÁVEL!

A TRISTEZA e a DEPRESSÃO vêm quando o CORAÇÃO CHORA!

"Que não seja imortal, posto que é chama,
Mas que seja infinito enquanto dure"
(Vinícios de Morais)
 

Penso que São Paulo se equivocou ao dizer que o amor tudo crê, tudo espera e tudo suporta (É claro que São Paulo falava do amor AGAPE: AMOR de Deus). Não é bem assim (É claro que o autor está falando do amor ÉDIPO: amor dos homens). Afinal, o amor, como alertava Drummond, é bicho instruído. Portanto, ele pode pular o muro, subir na árvore em tempo de se estrepar: "Pronto, o amor se estrepou. Daqui estou vendo o sangue que escorreu do corpo andrógeno. Essa ferida, meu bem, às vezes não sara nunca / às vezes sara amanhã".
E o danado é que às vezes sara mesmo. Mas, e o amor é doença para sarar? Claro que é. Se não fosse, Camões não teria dito: "Amor é fogo que arde sem se ver, É ferida que dói, e não se sente".
Padre Antônio Vieira (duvido que alguém escreva melhor do que ele) também considerava o amor uma doença - que deveria ser incurável, mas, infelizmente, tem cura. E quais são os remédios do amor, segundo Padre Vieira? São apenas quatro, mas com um poder de curar extremamente potente...
O amor Édipo, amor dos homem, "É fogo que arde sem se ver, É ferida que dói, e não se sente". (Autor do texto: Camões)

O primeiro remédio é o TEMPO. Por isso que o Culpido, deus do amor, é pintado como criança, pois "não há amor tão robusto que chegue a ser velho". O passar das horas faz com que as flechas do Culpido percam a potência; que o amor que é cego passe a enxergar; que suas asas cresçam e ele voe para bem longe... o tempo gasta o ferro com o uso, diz Vieira, que dirá o amor! "O tempo tira a novidade das coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto...".
O segundo remédio, para curar o amor, é a AUSÊNCIA. Ora, se com a proximidade as flexas de Cupido correm o risco de não nos atingirem, que dirá com a distância... "A ausência tem os efeitos da morte: aparta, e depois esfria... tudo esquecido, tudo frieza". E o fogo que arde sem se ver, com a distância, vira um deserto polar.
O terceiro remédio é ainda muito mais poderoso do que os dois anteriores. O seu poder de ação é quase instantâneo: a INGRATIDÃO é mortal para o amor. "Se o tempo tira do amor a novidade, a ausência tira-lhe a comunicação, a ingratidão tira-lhe o motivo". E o danado é que só os amigos são ingratos. Era por isso que Nelson Rodrigues dizia que "só os inimigos são fiéis", já que estes nunca serão ingratos e nem nos trairão. Não foi a toa que Cristo se queixava de que semeando grandes benefícios nos corações dos homens, se colhia maiores ingratidões...
Por fim, se o amor foi capaz de resistir até aqui - embora, duvido que exista amor que consiga vencer: o tempo, a ausência e a ingratidão -, chegou a vez do mais eficaz de todos os remédios, o que até hoje, ninguém deixou de sarar: O MELHORAR DE OBJETO, que nada mais é do que conseguir um outro amor. "Dizem que um amor cou um outro se paga", alerta Vieira, "mas o certo é que um amor com um outro se apaga"... as estrelas conseguem brilhar nas trevas, no entanto, numa luz ainda maior que é o sol, elas desaparecem, deixam de brilhar...
Meu coração está trincado e transpassado por uma flecha que não é a do CULPIDO.

Infelismente, o mundo está se curando do amor. Hoje, os relacionamentos são pelos CELUCARES e INTERNET, ou seja, ausentes e distantes. E com o passar do tempo serão tão frios que as terminações nervosas, que os unem, ficarão anestesiadas, e "o amor que não é intenso", adverte Vieira, "não é amor"... Triste humanidade que não consegue debelar um vírus de uma gripe suína, mas que é extremamente "competente" para destruir o vírus do amor...

Autor Conhecido: Francisco Edilson Leite Pinto Júnior (Professor, Médico e Escritor)

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